16 junho, 2011

Saxy


Secretos solistas sussurram assombrosos ou solenes, sempre sábios, sopros. Esses sublimes suspiros, como seiva, como sangue, circulam sibilinos, subjugados por tua sensual e serpenteante silhueta.

Sumptuosamente selvagem ou em singela surdina, salve, ó sustentáculo insondável dos sonhos!















@Trombone (F. Arelho)


09 junho, 2011

Quadro de Honra


Começo por saudar efusivamente, todas as portuguesas e todos os portugueses que, nas eleições do passado domingo, por não se reverem nas propostas e soluções apresentadas pelos partidos a sufrágio ou por discordância profunda com o estiolado modelo do nosso sistema político, votaram em branco, contribuindo desse modo para os notáveis 2,97% conseguidos a nível nacional, o melhor resultado de sempre.
Sobre este assunto, gostaria ainda de realçar os seguintes factos relevantes:


* Círculos eleitorais cuja média global de votos em branco ultrapassou os 3% : Coimbra, Faro, Leiria e Açores.

* Na categoria de maior empenho, o distrito de Coimbra destaca-se por várias razões:
  • Média distrital global de votos em branco : 3,6%
  • A votação média ultrapassou os 3% em 12 concelhos, num total de 17 em todo o distrito.
  • Em quatro concelhos, os votos em branco ultrapassaram os 4%, nomeadamente na Figueira da Foz (4,07%)
* Uma menção extraordinária e exclusiva para os concelhos em que a votação em branco ultrapassou os votos no BE e na CDU/PCP : Góis, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Penela, V. N. Poiares (Coimbra) ; Mortágua, Oliveira de Frades, S. Comba Dão, Tondela (Viseu) ; Lajes das Flores, Madalena, Povoação, S. Cruz das Flores, Vila do Porto (Açores).

* Uma medalha para Barrancos com os seus 4,36%.

* O pódio é conquistado integral e inapelávelmente pelos Açores:
  • Lajes das Flores (6,57%)
  • Vila do Porto (5,98%)
  • Madalena (5,46%)
  • Horta (5,10%)
  • S. Roque do Pico (4,56%)


E assim, singelamente, estes resultados inesperados constituem uma prova cabal de que não é tão extravagante como à primeira vista aparenta o alcançar de uma percentagem de votos brancos que, se por um lado, começam pela sua importância a congregar as atenções, por outro, nos dão força para continuar a batermo-nos pela sua concreta representação parlamentar, sob a forma de lugares vazios na Assembléia.

Podemos começar desde já, com uma ligeira brisa, a formar uma pequena onda. Depois virá a maré. Na rede anda uma petição que pode ser subscrita desde já:





Se entretanto, tudo fôr correndo normalmente, dispomos de toda uma legislatura para o conseguir.


04 junho, 2011

Votos (Wishes)


Pugno pelo voto em branco como forma de repúdio ao actual sistema político.
Há coisa de um mês, na sua coluna quinzenal no Público, Carlos Fiolhais (professor universitário) confessava: “Se a escolha em Portugal fosse, por hipótese, entre o actual primeiro-ministro e o Rato Mickey, eu não hesitaria em votar no boneco da Disney.
Não deixei de compreender a sua posição e desenvolvi mesmo alguma simpatia pela ideia, o que acabou por fazer germinar em mim algumas dúvidas e consequentemente, temores de um qualquer surto de incoerência intelectual. Tentei então, naturalmente em desespero de causa, identificar um personagem plausível, preferencialmente aparentado ao Morcego Vermelho (o meu preferido!), merecedor de uma eventual cedência dos meus princípios.
Na semana passada, no mesmo jornal, Luís Campos e Cunha (professor universitário), escrevia: “Como Carlos Fiolhais defendeu, a democracia também serve para afastar os que não servem: e Sócrates não serviu nem vai servir. (...) Assim, ou votamos branco-nulo, ou votamos num dos partidos actuais: essa é a escolha. Abster-se é um erro grave e sinal de fraca inteligência. (...) Mais tarde reivindicaremos que o voto branco tenha representação parlamentar com uma cadeira vazia. E nessa altura veremos a abstenção a baixar e muito. Também porque a partir daí os partidos actuais seriam diferentes e para melhor.
Reforçava, por um lado, a defesa da alternativa cartoon e por outro, vinha ao encontro das minhas perspectivas de uma futura, mas urgente, reforma política do país. Fechou-se então, o círculo das minhas dúvidas.

Amanhã, vou votar.
No melhor dos mundos, o primeiro ministro seria enxovalhado nas urnas (antecipação prevista nesta alegoria) e os votos em branco ultrapassariam os 5%.
Tenho o fim de semana para me deleitar com a ideia.

O verão está a chegar. Antecipo já os fúteis momentos estivais, o gozar a minha praia de eleição.
Espero não ter de começar a pensar em emigrar, logo na segunda-feira.