(Con) Trastes
Hoje fui ao sótão. Abri o baú e peguei em nove embrulhos ao acaso, que ao fim de vinte anos de reclusão poeirenta e solitária, como que estremunharam ao regressar à luz.
Mal foram desvendados, quase todos, quais fogachos débeis de pólvora velha, se tornaram imediatamente obsoletos e dispensáveis; o tempo não perdoa às recordações que o hoje não consente, não tolera ou justifica.
Aos restantes, os discretos anos de olvido aportaram uma fina capa de elegância sóbria, impregnaram com uma essência de sedutora cumplicidade, aureolaram com uma beleza apenas perceptível por vias da delicada teia das amizades que perduram e da alegria do reconhecimento do que valeu a pena ao longo de todo este tempo de pousio.
O que de bom ainda vier, será sempre um inestimável bónus.
4 Comments:
"...quando a alma não é pequena".
...se a alma fôr pequena, a caravana limita-se a passar!
há muito que destinei o sótão para criar macacos. alegram-me a existência e não sei o que faria sem eles.
Os sótãos são fascinantes, já os macacos...também.
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