24 março, 2008

KOLPIA


Antes da criação, era o Tempo.
Dele emergiram então Aer e Chaos , que geraram Kolpia (o Vento) e Potos (o Desejo).
Da sua sublime e incestuosa união germinou Mot, deus da Morte, sob a forma de um ovo.
No seu sagrado âmago, formaram-se criaturas que permaneceram adormecidas e imóveis até que o ovo eclodiu, numa extraordinária explosão, projectando o sol, a lua e as estrelas.

... no mito da criação fenício.


Kolpia – um dos membros do projecto “Pneumaphone”, idealizado e concebido pelo compositor flamengo Godfried-Willem Raes. Conjunto de instrumentos/ esculturas pneumáticas de som que integram uma variada e fantástica orquestra de sopros. Este elemento particular tem a forma arcaica da trompa exponencial e o som agreste do latão resonante.

07 março, 2008

Resíduos Ilegais Urbanos

No passado dia 28 de Fevereiro, a Policia Judiciária levou a cabo uma aparatosa operação, que culminou na incineração de quase 12 toneladas de drogas diversas na Central da Valorsul em S. João da Talha.
Surpreendentemente, não dei conta de quaisquer tipo de protestos ou activismos pela queima irresponsável de tão nocivos compostos, numa unidade já de si tão suspeita por queimar sabe-se lá que lixo, em sabe-se lá que condições, com a probabilíssima e consequente emissão de um infinito rol de gazes e pestilências de nomes impronunciáveis (só se dão tais nomes a algo que faz seguramente mal à saúde!).
O facto de ninguém ter aproveitado a oportunidade para se manifestar ou exprimir televisivamente o seu profundo conhecimento da matéria leva-me a concluir:

  1. Havia muitos polícias muito armados por perto.

  2. Surgiram dúvidas na classificação dos resíduos (Resíduos Urbanos Perigosos? Resíduos Industriais Alucinogénios? Resíduos Indutores de Transe?...) implicando a insustentabilidade técnica e jurídica de eventuais estudos de impacto ou providências cautelares.

  3. Não existem grandes especialistas (declarados) em composição das emissões oriundas da combustão de cocaína, heroína e haxixe.

  4. Tínhamos todos uma secreta esperança de, por uma vez, podermos apanhar uma enorme “pedra”, ainda por cima grátis, colectiva, autorizada e mesmo patrocinada pela causa pública, género subsídio excepcional de apoio à travessia destes tão reais e cinzentos tempos de crise.
Entretanto, para sossego de todas as almas em sobressalto posso adiantar, com base em informações de fonte segura e no local, que o sistema de tratamento de gazes funcionou na perfeição, não tendo igualmente sido detectado qualquer acréscimo de qualquer nefasto componente habitualmente monitorizado, pelo que os fumos emitidos nesse dia excepcional não foram diferentes em qualidade dos que costumam ser já familiares aos pulmões dos limítrofes indígenas.
Uma curiosidade de rodapé, entretanto: há muito tempo que a fornalha não tinha um rendimento tão elevado!