12 março, 2011

Oh! Cassandra...






Se dou a ideia de que passo a vida a preconizar só desgraças, é porque sou pragmático por natureza. Utilizo o raciocínio dedutivo para generalizar e creio que isso acaba de certa maneira por se confundir com um vaticínio negativo. Sabes porquê? Porque a realidade não passa da soma das profecias negativas que se cumpriram.

...

Mas aquilo que mais me desgosta são as pessoas que não têm ponta de imaginação. Aqueles a quem T.S.Eliot chama “The Hollow Men”. As almas que preenchem sem piedade a falta de imaginação com pedaços de palha seca, sem terem sequer consciência do que estão a fazer. Pessoas insensíveis que te lançam à cara palavras vazias de sentido, tentando obrigar-te a fazer o que não queres (...) espíritos tacanhos e intolerantes, sem imaginação, são como parasitas que transformam o hospedeiro, mudam de forma, sobrevivem e vingam. São uma causa perdida e eu não quero vê-los aqui por perto.


Haruki Murakami - Kafka à Beira Mar



6 Comments:

Anonymous henedinaantunes said...

Windtalker, os que têm muito imaginação também podem ser intolerantes. Apenas como têm imaginação habitualmente caem em si rapidamente e tentam emendar a mão, tentam. Por isso, é sempre melhor os imaginativos concordo com HM.
Gosta de Haruki Murakami? Só li dois e o primeiro que li (Passáro de Corda, por sugestão televisiva do Mexia - não o da PT) quase me fez desistir de ler o segundo.

12 março, 2011  
Blogger Windtalker said...

Sobre HM, tenho que admitir que me entusiasma: pela linguagem (lírica, onírica), pelo estilhaçar de conceitos e visão do mundo mas sobretudo pela interacção da modernidade com uma certa sociologia e espiritualidade oriental.
Recomendo é um bom intervalo entre a leitura de dois dos seus livros...

13 março, 2011  
Anonymous henedina said...

A parte onírica é a parte improvável e é a que não gosto. Talvez por sonhar acordada desde que me reconheço, nos livros e nos filmes, gosto do "ser possível". Acreditar ingenuamente que aconteceu ou que pode vir a acontecer. Gosto dos livros eu que eu posso entrar e ser uma das personagens ou gostar das personagens como se fossem de carne e osso. É por isso que confundo, e não devo confundir, o escrito com aquele que escreve.

14 março, 2011  
Anonymous henedina said...

Norwegian Wood foi adaptado para o cinema. O realizador é vietnamita. Julgo que não vai aparecer nos circuitos comerciais mas vou tentar vê-lo de qq forma.

27 março, 2011  
Blogger Windtalker said...

Para quem tem uma certa urticária a onirismos, ver uma adaptação de Murakami por um cineasta vietnamita constitui um risco extremamente elevado!

28 março, 2011  
Anonymous henedina said...

O onirismo no cinema não importa, é de carne e osso. Ai agora discorda sempre?Progressos. (Ou é a fase biliar? ;)) E acerca de ver Murakami no cinema, vi um excerto e a fotografia era extremamente bela (gosto da lírica) e só os burros é que...

28 março, 2011  

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