A Sina
No fim do lauto e requintado jantar, abordámos o reputado economista europeu, como nós convidado para a informal e agradável festa de uns amigos comuns, e com a vantagem da descontraída atmosfera in vino veritas, questionámo-lo sobre as perspectivas do país, as dívidas, os juros e os resgates, os Fundos e as respectivas consequências para a economia e a sociedade. Esboçando um amável e condescendente sorriso, passou a explanar que, apesar de toda a poeira que possa ser levantada e dos incómodos e ruidosos zumbidos distractores envolventes, apenas dois caminhos pragmáticos se lhe apresentavam claramente, como vias para uma resolução do imbróglio:
- Total e estrita austeridade, infalível rigor, controlo de despesas e custos, aumento sustentado da competitividade da economia, crescimento positivo ímpar e duradouro durante todo o período de consolidação: perseverando inflexivelmente neste objectivo, as contas estarão equilibradas e o país viabilizado dentro de trezentos anos.
- Usar a arma a que outros países, nomeadamente os Estados Unidos, recorrem em situações idênticas e que lhes tem permitido manter-se à superfície após as mais variadas tormentas financeiras: desvalorizar a moeda (e tentar manter-nos agarrados ao euro com todas as unhas e todos os dentes!).
A partir deste ponto, desenvolveu alguns corolários, uns mais óbvios, outros assaz rebuscados mas, súbitamente interrompeu-se e, após uma curta pausa, exortou-nos a levantar os balões com a aguardente velha e a brindar ao futuro das ilhas económicas da velha Europa política (ou foi ao contrário?).
6 Comments:
Desvalorizar a moeda é o que fizemos na última vez que tivemos o FMI mas agora estamos no euro. It's no possible!
Duas vias para impossibilidades diferentes!... estaremos condenados?
Segue nos próximos episódios desta nossa novela caseira! (E que tal se se desvalorizasse o Euro? isto como forma de perspectiva bárbara, claro!)
Se tentarmos sair desta pela via normal estamos condenados.
Somos um povo soberano. Temos que renegociar a divida, os credores preferem ficar com algum dinheiro e não sem nada. Pagamos o que devemos mas só pagamos os juros que consideramos aceitaveis como país. Pomos as empresas de ranking e os agiotas em tribunal internacional por burla agravada e enquanto estão em tribunal pedimos uma providencia cautelar. Produzimos e não permitimos ao novo governo que prejudique quem trabalhe para enriquecer quem nos colocou na falencia, bancos/financeiros. Ganhar dinheiro sem produzir riqueza é que pos o mundo assim.
Vale mais que votar em branco. Ter ideias originais para sair da crise. Pedir a jovens economistas que encontrem soluçoes. Por muito "oniricas" que sejam não podem ser mais "oniricas, de pesadelo" que a realidade.
(apesar de eu ter "uma certa urticaria" a posturas estritamente oniricas...)
Presumo que o partido da sua escolha incorpora nas suas listas uma grande falange de fadas e duendes...
"Produzimos e não permitimos (?!) ao novo governo que prejudique quem trabalhe para enriquecer quem nos colocou na falencia"..."Pedir (?!) a jovens economistas que encontrem soluções"
Para quem é alérgica a onirismos, eis-nos em pleno choque histamínico (sugiro acompanhar com leituras de William Shakespeare, nomeadamente o "Midnight Summer Dream")
A solução está em adoptar duas moedas para a europa: uma moeda estrelina e uma moeda latrina.
;)
acreditar em fadas e duendes...
citar ou transcrever Brel...
Quando te convidarem a falar de perigos da internet não te esqueças de não aceitar para seres coerente.
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