Agosto
O tempo vai escorrendo, ocioso e cálido.
O crescimento, já de si débil, definha um pouco mais enquanto a crescente dívida, tão sólida quanto os nossos impostos, prospera. O país resvala, passando pelas brasas...
Tal como por essa confortável, confiante e veraneante Europa, com muitos fogos e arraiais por estes dias quentes e ventosos, dormitamos merecida sesta depois da festa (do fim da crise?), alheios aos complicados e remotos mundos neste mesmo planeta e bem acima das nossas parcas possibilidades. Desprezamos naturalmente os que não abrandam, mesmo consolidando os seus dois dígitos de pujança debaixo do nosso alpendre e que pacientemente espreitam as nossas bandejas sobre as mesas, ainda descaradamente cheias.
“O governo do Egipto assinou um contrato de construção/concessão da maior refinaria de África e da Ásia ($ 2 BUSD / 15 MT por ano) com duas companhias chinesas, uma delas uma empresa governamental na área da engenharia do petróleo; uma concessão firme de 25 anos com posterior e gradual transferência para património egípcio”.
Por recato, espúrio desejo de discrição ou ainda mais prosaicamente, cansado e a precisar de férias, o “Cabo dos Ventos” recolhe-se para reflexão. Espera com isso deixar espaço à nortada, pelo que ninguém se refugie nem abrigue das inoportunas e incomodativas rajadas. Ela é uma poderosa, regular e fiável aliada com quem podemos praticar técnicas de resistência e desenvolver intransigente obstinação.
Talvez regresse com o belo equinócio...
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