25 fevereiro, 2007

May I, said he... Why not, said she

may i feel said he
(i'll squeal said she
just once said he)
it's fun said she

(may i touch said he
how much said she
a lot said he)
why not said she

(let's go said he
not too far said she
what's too far said he
where you are said she)

may i stay said he
(which way said she
like this said he
if you kiss said she

may i move said he
is it love said she)
if you're willing said he
but you're killing said she

(but it's life said he
but your wife said she
now said he)
ow said she

(tiptop said he
don't stop said she
oh no said he)
go slow said she

(ccome?said he
ummm said she)
you're divine! said he
(you are Mine said she)

e. e. cummings

21 fevereiro, 2007

Le Frisson

É precisamente por não te pareceres com ninguém que gostaria de te encontrar sempre... em toda a parte...

A Balada do Mar Salgado - H. Pratt
















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17 fevereiro, 2007

Circularidades II _ Altrospecções

Tem sido uma verdadeira semana de loucos...Primeiro, a desmesurada quantidade de casos cada vez mais estranhos e raros que nos aparecem à frente cá no Instituto, fruto, quem sabe, da acelerada tendência (dizem que do nosso tempo) de as pessoas criarem os seus próprios e unívocos universos para melhor fugirem ao de todos nós (eu próprio tenho que admitir que quando não estou no Instituto, passo mais tempo a tentar ganhar jogos de xadrez ao computador do que em qualquer outra actividade ; é a unica maneira de focar a minha racionalidade, quando me sinto imerso nesta sociedade tão sem sentido). Já não me bastava isso, teve que sair-me na rifa do turno mensal aquela antipática; fria e seca como os ventos árticos, distante e inacessivel como o farol de Finisterra em noite de tormenta (dizem que saída de uma relação feia e frequentadora de negros antros)... Para compôr o ramalhete, andamos desde há uns dias a adaptar-nos à nova engenhoca cá do serviço, um sistema de sensorização avançada que permite, por meio de sondas e respectivos transdutores personalizados (óculos, auriculares e estimuladores sensoriais cutâneos), penetrar nas mentes alucinadas dos pobres diabos que aqui todos os dias nos chegam, nos mais inomináveis estados de demência...de loucos, digo-vos...
Peguei na ficha do desgraçado que se seguia e que estava já prévia e devidamente acondicionado para o exame: aspecto rude e seco, talvez pescador, ausência de reacções, auto-agressão, provável síndrome de abstinência (dizem que perdeu a amada... a quem poderia tal bizarro ser despertar paixão?)...provável fixação sexual, tresloucotaradice, copos, enfim...digo eu!!
Terminava a leitura quando "ela" entrou na sala, sentou-se na cadeira prevista (ao lado da minha), sem me fitar com aqueles olhos azuis, glaciares, profundos, neutros, em que apenas o desdém e o distanciamento dardejam, atirando-me com um "Bom Dia" áspero como pele de cobra, pela boca (comentam e concordo, que sensualíssima!) fora...
Sem mais atrasos, colocámos os auscultadores, os óculos e os transdutores...ela deu então início à sequência...

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Após o clique que sinalizou o final da sessão de altrospecção, passaram-se ainda dois minutos antes de me dar conta que a minha boca estava aberta de sublime surpresa, um suave aguilhão trespassava-me e à espessa carapaça, para me inocular um perverso veneno de emoção. Senti então, ainda trôpego de leveza, a sua mão ancorada na minha. E serenamente, voltei-me. Aqueles olhos azuis, agora trémulos e límpidos, brilhavam de perfeição feliz; os lábios (preciosos) desenhavam distintamente um abençoado sorriso de tranquilo prazer, de partilha.
Mantivemo-nos assim ainda algum tempo. Então, limpando-lhe com a mão uma salgada gota da face (remetendo-me para uma praia entrevista), convidei-a para um café...


13 fevereiro, 2007

Se eu fosse o Banderas, só me deixava fotografar pelo Douglas Kirkland!...


...quanto aos outros, quem ilumina os olhos, desvenda corações (Chaplin, Björk,...).










Last Weekend @ Galeria Serpente

11 fevereiro, 2007

HELM

© Ted Larsen

Um dos raros ventos com direito a nome próprio nas Ilhas Britânicas. Anunciado pela formação de uma densa e assustadora barreira de nuvens, a “Barra de Helm”, sopra violentamente de Nordeste quando esta se dispersa, descendo as suaves vertentes das colinas do Lake District. Tido por intervenção demoníaca em remotas eras, consegue demonstrar a sua maléfica natureza ao derrubar uma cruz erigida por um bispo local num cume mais exposto.

Helm (Quarter Florin) - Medieval tentativa de antepassado do euro. Ambiciosa e arriscada iniciativa de Eduardo III de introduzir uma moeda de ouro com aceitação abrangente, tanto em Inglaterra como na Europa Continental. Infelizmente, e revelando notória falta de visão estratégica, o metal usado nas moedas valia mais que seu valor facial, o que levou o mercado a rejeitá-las sem remissão. Foram retiradas de circulação poucos meses após o seu lançamento e fundidas.

10 fevereiro, 2007

A Ilha de Raim

(não confundir com a filha de Ryan ...)


Destaque e vénia para um cartoon luminoso...

Ilhas VI

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06 fevereiro, 2007

Os Registos Improváveis (III)

English As She Is Spoke

Dele disse Mark Twain: “Este celebrado pequeno livro de frases nunca morrerá enquanto perdurar a lingua inglesa... é perfeito...a sua imortalidade está assegurada.”. Este opus magnum dos guias de conversação em lingua estrangeira (neste particular, inglês para portugueses), da autoria de José da Fonseca e Pedro Carolino, foi editado em Paris em 1855 e é um injustamente esquecido percursor das tão peculiares incursões lusas na originalidade das intervenções culturais, sociais ou tecnológicas (basta lembrar Natália de Andrade, Alves dos Reis e as mamografias por satélite). Ainda hoje objecto de rebuscados ensaios, alguns dos seus exemplos constituem verdadeiros enigmas para os estudiosos anglo-saxónicos, incapazes de decifrar o alcance dos seus profundos sentidos.
Pequeno teste de interpretação de ditos e provérbios:

Few, few the bird make her nest.
He sin in trouble water.
In the country of blinds, the one eyed man are kings.
Cat scalded fear the cold water.
With a tongue one go to Roma.
There is not any ruler without a exception.
Take out the live coals with the hand of the cat.
A horse baared don't look him the tooth.
So many go the jar to spring, than at last rest there.
He eat untill to can't more.
It want to beat the iron during it is hot.
It is better be single as a bad company.
He is beggar as a church rat.
Tell me whom thou frequent, I will tell you which you are.
After the paunch comes the dance.
To look for a needle in a hay bundle.
To craunch the marmoset.
To be as a fish into the water

Raining in Jars
That not says a word consent.


A secção que sugere a comunicação com um barbeiro britânico é igualmente notável:

- Shave-me!
- Your razors are them well?
- Comb-me quickly; don’t put me so much pomatum
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Bem como as instruções para se fazer entender na pesca (rebuscadamente eruditas, shakespereanas mesmo), de antologia:

- That pond it seems me multiplied of fishes. Let us amuse rather to the fishing.
- Here, there is a wand and some hooks.
- Silence! There is a superb perch! Give me quick the rod. Ah! There is, it is a lamprey.
- You mistake you, it is a frog! Dip again it in the water.

04 fevereiro, 2007

O Tempo (Direito de Resposta)

“Pensem na velhice do seguinte modo: o facto de a nossa vida estar em risco é apenas um facto quotidiano. Não podemos esquivar-nos ao conhecimento daquilo que em breve nos espera: o silêncio que nos envolverá para sempre. Tirando isso, é tudo a mesma coisa. Tirando isso, somos imortais enquanto vivermos.”

The Dying Animal – P. Roth

03 fevereiro, 2007

Baudelaire tinha um blog!

...ou preocupações e susceptibilidades de um dandy misógino.


As nações apenas possuem grandes homens sem a sua intervenção – como as familias. Fazem todos os esforços para não os ter. E, assim, o grande homem precisa, para existir, de possuir uma força de agressão maior do que a força de resistência desenvolvida por milhões de individuos.

O que há de inebriante no mau gosto é o prazer aristocrático de desagradar.

A crença no progresso é uma doutrina de preguiçosos, uma doutrina de
Belgas. É o individuo que conta com os vizinhos para fazerem o seu trabalho.
Não pode haver progresso (verdadeiro, isto é moral) senão no individuo e pelo próprio individuo.
Mas o mundo é feito de gente que só pode pensar em comum, em bandos.

Teoria da verdadeira civilização. Não está no gás, nem no vapor, nem nas mesas giratórias. Está na diminuição dos vestigios do pecado original.
Povos nómadas, pastores, caçadores, agrícolas e até antropófagos, todos, podem ser superiores pela energia, pela dignidade pessoal, às nossas raças do Ocidente.
Estas serão talvez destruidas.
Teocracia e consumismo.

O mundo só caminha através do mal-entendido.
É através do mal-entendido universal que toda a gente se põe de acordo.
Porque se, por infelicidade, as pessoas se compreendessem, nunca poderiam pôr-se de acordo

É impossivel percorrer uma qualquer gazeta, seja de que dia fôr, ou de que mês, ou de que ano, sem aí encontrar, em cada linha, os sinais da perversidade humana mais espantosa, ao mesmo tempo que as presunções mais surpreendentes de probidade, de bondade, de caridade, e as afirmações mais descaradas, relativas ao progresso e à civilização.
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E é com este repugnante aperitivo que o homem civilizado acompanha a sua refeição de todas as manhãs.


NOTA : Dispensei desta resenha apreciações sobre as mulheres, religião e personalidades várias, alvos de um particular carinho do bloguista.